Era uma vez uma vela vermelha e
dourada que teimava em não se deixar acender. Uma atitude estranha, pois
as velas foram feitas para estar acesas e para iluminar com a sua chama
a cintilar na escuridão.
Estava próximo o dia da grande festa familiar e todas as outras velas
começavam a ficar felizes, só em pensar que iriam ser protagonistas com a
sua luz que iam irradiar.
A vela vermelha e dourada repetia obstinadamente:
- Não quero ser queimada. Quando somos acesas queimamo-nos em pouco
tempo. Quero permanecer assim como sou: elegante, bela e integral.
Uma vela disse-lhe:
- Se não te deixas acender, é como se estivesses morta. Tu foste feita para iluminar e é assim que serás feliz.
A vela vermelha e dourada respondeu:
- Não, obrigada. Admito que a escuridão e o frio são horríveis, mas é
melhor sofrer por causa de uma chama que queima e faz doer.
Uma outra vela disse-lhe:
- Admite que é melhor a luz que a escuridão. Nós aceitamos ser
consumidas, precisamente para sermos portadoras de luz. É assim que nos
tornamos úteis.
A vela vermelha e dourada insistia:
- Mas assim perdemos a forma e a cor.
- Sim, mas só assim podemos vencer a escuridão e iluminar o mundo.
Foi então que a vela vermelha e dourada se deixou acender. A cera e o
pavio consumiram-se lentamente. Brilhou na noite até desaparecer. Nos
últimos instantes sentiu-se feliz porque tinha cumprido a sua missão.
Ainda teve tempo de exclamar:
- Fui feita para brilhar.
in Revista JUVENIL, n.º 569, janeiro 2014.
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