terça-feira, 25 de setembro de 2012

Roberto Carneiro - sobre a educação, a escola, professores, alunos,...

Esta é uma parte da entrevista proposta pela Família Cristã, na sua edição de setembro, com ROBERTO CARNEIRO, antigo Ministro da educação.

Família Cristã (F.C.) – Falou em melhorar a qualidade dos professores. Temos maus professores?

Roberto Carneiro (R.C.) – Temos de dar atenção à formação inicial dos professores nas pedagogias, nas didáticas e nas práticas de ensino. Os professores estão a formar-se de um prisma excessivamente teórico. Temos professores excelentes – mas, muitas vezes não temos é professores competentes para exercerem a sua profissão. Eu repensava toda a formação inicial. Fechava as escolas superiores de educação – temos demais, umas 50 entre públicas e privadas – e recriava uma meia dúzia de instituições renovadas de formação inicial de professores do ensino básico, investindo a sério nas práticas pedagógicas, nas didáticas específicas e nos métodos de ensino-aprendizagem.

FC – Como é que as escolas podem chegar a cada aluno?

R.C. – Com programas de discriminação positiva. A escola não pode ser igualitária, dando a todos o mesmo. Tem de dar mais a quem menos tem. Tem de ajudar os pais com programas de formação integrados, dar [aos alunos] condições de alimentação e de saúde, caso não as tenham. Os alunos não podem aprender se não têm bem-estar. Tem de se estar atento aos maus-tratos em casa e combater todos esses efeitos nefastos que fazem com que as crianças não aprendam. Porque as crianças estão programadas para aprender importa reconhecer que há fatores externos que condicionam as aprendizagens desde a aquisição primeira dos fundamentos da literacia. Quanto mais precocemente o risco for detetado, melhor. A criança portadora de risco tem de ser identificada no pré-escolar, quanto muito no primeiro ciclo – não aos 15 anos.

FC – Isso exige um outro treino, um olhar diferente para o aluno...

R.C. – Os alunos não são peças de uma máquina – são pessoas que merecem ser amadas e vistas com atenção. O professor que ama os seus alunos, como um pai ama os seus filhos, deteta, sinaliza e procura encontrar meios para que essas deficiências sejam colmatadas.A sala de aula não é um conjunto indiscriminado de 25 ou 30 alunos. São 25 ou 30 pessoas individuais e o professor tem de aprender a lidar com cada uma, de acordo com as suas motivações, os seus itinerários, os seus ritmos. Daí a necessidade de se formar os professores de novo. Essas 25 ou 30 pessoas não são uma massa informe à nossa frente. Quando eu era ministro vinham professores ter comigo dizer: «O ideal era ter turmas homogéneas de alunos progredindo por igual.» Eu respondia-lhes que esse era também o sonho de Hitler. O ideal é ter turmas mistas, completamente diferentes, uns alunos mais amarelos, outros mais brancos, outros ainda mais escurinhos, com identidades, culturas e memórias diferentes, por todos partilhadas. Por isso sempre contrapus pedagogias aditivas – que consideram a diferença um ativo – às pedagogias subtrativas que querem homogeneizar tudo à força e em detrimento das distintas histórias de vida de cada aluno.

FC – Num relatório recente da OCDE defende-se que é preciso aumentar as interações entre alunos e professores.

R.C. – O modelo educativo que vem do séc. XVIII é um modelo fabril da Revolução Industrial. Os alunos entram numa linha de montagem em série e os professores vão acrescentando valor. Das 8 às 9 dão Português, das 9 às 10 Matemática, e por aí fora. Presume-se que assim o aluno consegue sair mais sábio. Não é verdade. Esse modelo está centrado na produção e não no aluno. Um sistema centrado no aluno será completamente diferente. Cada um tem o seu itinerário próprio, a sua forma de aprender, a sua personalidade, a sua marca distintiva. A construção do conhecimento não toma os saberes como algo de objetivo que se mete dentro da cabeça de todos os alunos por igual. Tudo isto tem de ser revisto, pois, na perspetiva da transição de um modelo industrial para um modelo de serviço. No modelo de serviço, a escola vai ao encontro dos alunos e das suas necessidades. Não traz as pessoas à escola para se submeterem à ditadura da produção. A escola tem de criar condições para que a pessoa possa singrar ao seu ritmo, à sua maneira, de acordo com as suas ambições e sonhos. Lembro que os primeiros educadores profissionais, os sofistas, não se encontravam sentados em escolas à espera dos alunos. Bem ao invés, na antiga Grécia, os educadores saíam à rua em busca das crianças que eles educavam na virtude e na prática do bem.
FC – Quando falta cidadania, quando os portugueses participam muito pouco...

R.C. – Estou preocupado com isso. Há uma clivagem ética, cada um tenta resolver os problemas por si e para si. Esta clivagem ética de toda a Europa mina os seus fundamentos. Recordo-me de um episódio, passado há já alguns anos, quando um jornalista pergunta ao [ensaísta] Eduardo Lourenço qual seria a solução para a Europa. Ele respondeu simplesmente: «A fraternidade cristã.» Na fraternidade cristã somos todos irmãos em Jesus Cristo e filhos do mesmo Pai. Ninguém tem o direito de explorar e maltratar o outro. Esse sentido ético da fraternidade é eu sentir que preciso do outro para a minha felicidade, porque o outro não é senão a outra metade de mim. Sou incompleto se não me completar com o outro. Por conseguinte, uma questão central que temos de recolocar hoje, como há 2000 anos, é: Quem é o meu próximo? Como me posso sentir pobre dele? Que iniciativa devo tomar para dele me aproximar sem nada esperar em retorno?

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Jillian Jensen - Who You Are | X Factor USA

       Jillian Jensen, de 19 anos, foi desde muito nova vítima de bullying na escola e procurou sempre apoio na música para se sentir melhor. Este ano decidiu participar no X Factor e protagonizou um dos momentos mais emocionantes deste programa. A jovem conseguiu deixar várias pessoas com lágrimas nos olhos, inclusive o próprio Simon, que recebeu o seguinte comentário da Demi Lovato: «You have a heart».

Fonte: AQUI

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Ecclesia: Educação, Escola e Família em debate

       Debate sobre a educação e a escola e a família e as opções políticas... Procurar escutar sem preconceitos nem teias de aranha, sem ideologias... com os professores Cristina Sá Carvalho (Secretariado Nacional da Educação Cristã) e António Estanqueiro.