sábado, 27 de novembro de 2010

A P E L O (s)... de criança(s)

Poema dedicado às crianças que nada têm, mas usam o seu comportamento como um apelo.
Estou aqui!...
Alguém me ouve?
Estou aqui!...
Existo!
Sinto!
Penso!
Sonho!
No meu olhar,
Misturam-se medo e tristeza
Fruto da luta que se trava
Dentro de mim.
As minhas mãos
Estão vazias….
Tudo o que tento agarrar,
Escapa-se,
Dilui-se…
E eu fujo!
Fujo para longe ou perto,
Na esperança
Que alguém note a minha ausência
E me procure….
Não me peçam para vos amar,
Não me peçam para vos respeitar,
Não me peçam que cumpra regras,
Não me falem de «coisas bonitas»
Como
Fraternidade,
Igualdade,
Liberdade,
Amor,
Paz,
Porque,
Ninguém me ama,
Ninguém me respeita,
Ninguém cumpre regras para comigo,
Todos inventam desculpas
Para se afastarem de mim
E, contudo,
Eu não sei se de facto me odeiam,
Estou aqui!....
Alguém me ouve?
Estou mesmo aqui!...

Goretti Ribeiro, in Boletim Voz Jovem, Novembro 2010 e no nossso CARITAS IN VERITATE.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O DEUS que vê. Abraão, Sara e Agar...

       Sarai, a esposa de Abraão estava abatida. Ao longo dos anos não conseguia ter filhos e sabia que o marido ansiava por um filho.
       Decidiu pôr em prática um plano. “Tenho uma escrava egípcia chamada Agar – lembrou a Abrão –; todos sabem que eu não posso conceber e, segundo a tradição, podeis dormir com ela. Assim, ela poderá dar-vos um filho”.
       Abraão concordou e Agar engravidou.
       O seu novo estado fez com que Agar se sentisse muito importante. Começou a agir como se fosse mais importante que Sarai, o que fez com que esta ficasse furiosa. Na sua fúria, decidiu tratar a escrava da forma mais cruel que podia. Perante isso, Agar acabou por fugir.
       No deserto, num local onde existia uma nascente de água, um dos anjos de Deus foi de encontro a Agar. “Deves regressar para a tua ama – disse o anjo – Deus irá abençoar-te. Terás um filho e irás chamar-lhe Ismael. Ele terá muitos inimigos, mas viverá para ser pai de uma grande nação”.
       Agar ficou espantada: “Terei realmente visto Deus e vivido para o contar? – maravilhou-se –, Este é verdadeiramente um Deus que vê o que se passa aqui na Terra”.
       Corajosamente, Agar fez a viagem de regresso para junto de Sarai. Os meses passaram-se e ela ficou exultante por ter um filho, a quem chamou Ismael.
       E ao poço onde Agar encontrou o anjo foi dado o nome de “O poço daquele que vive e que me vê”

“Querido Deus quando as pessoas são tratadas de modo cruel. Vós vedes tudo o que acontece. Velai por elas com carinho e abençoai-as”

 Mónica Aleixo, in Boletim Voz Jovem, Novembro 2010.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Rouxinol e a Rosa vermelha!

       Era uma vez, um Rouxinol que vivia em um jardim. No jardim havia uma casa, cuja janela se abria todas as manhãs. Na janela, um jovem, comia pão, olhando as belezas do jardim. Sempre deixava cair farelos de pão, sobre a janela.
       O Rouxinol, comia os farelos, acreditando que o jovem os deixava de propósito para ele. Assim criou um grande afecto, pelo jovem que se importava em alimentá-lo, mesmo com migalhas.
       O jovem um dia se apaixonou. Ao se declarar a sua amada, ela disse que só aceitaria seu amor, se como prova, ele desse a ela, na manhã seguinte, uma rosa vermelha.
       O jovem, percorreu todas as floriculturas da cidade, sua busca foi em vão, não encontrou nenhuma rosa vermelha para ofertar a sua amada.
       Triste, desolado, o jovem foi falar com o jardineiro da casa onde vivia. O jardineiro explicou a ele, que poderia presenteá-la com Petúnias, Violetas, Cravos, menos Rosas. Elas estavam fora de época, era impossível consegui-las, naquela estação.
       O Rouxinol, que escutara a conversa, ficou penalizado pela desolação do jovem, teria que fazer algo para ajudar seu amigo, a conseguir a flor. Assim, a ave procurou o Deus dos pássaros que assim falou:
       - Na verdade, você pode conseguir uma Rosa Vermelha para teu amigo, mas o sacrifício é grande, e pode custar-lhe a vida!
       - Não importa respondeu a ave. O que devo fazer?
       - Bem, você terá que se emaranhar em uma roseira, e ali cantar a noite toda, sem parar, o esforço é muito grande, seu peito pode não agüentar.
       - Assim farei, respondeu a ave, é para a felicidade de um amigo!
       Quando escureceu, o Rouxinol, se emaranhou em meio a uma roseira, que ficava frente a janela do jovem. Ali, se pôs a cantar, seu canto mais alegre, precisava caprichar na formação da flor. Um grande espinho, começou a entrar no peito do Rouxinol, quanto mais ele cantava, mais o espinho entrava em seu peito. O rouxinol não parou, continuou seu canto, pela felicidade de um amigo, um canto que simbolizava gratidão, amizade. Um canto de doação, mesmo que fosse da própria vida! Do peito da pobre ave, começou a escorrer sangue, que foi se acumulando sobre o galho da roseira, mas ela não se deteve nem se entristeceu.
       Pela manhã, ao abrir a janela, o jovem se deteve diante da mais linda Rosa vermelha, formada pelo sangue da ave, nem questionou o milagre, apenas colheu a Rosa.
       Ao olhar o corpo inerte da pobre ave, o jovem disse:
       - Que ave estúpida! Tendo tantas árvores para cantar, foi se enfiar justamente em meio a roseira que tem espinhos...
       Enfim: Cada um dá o que tem no coração... Cada um recebe com o coração que tem....

autor desconhecido, postado a partir do nosso CARITAS IN VERITATE.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Esperança depois da tragédia - Génesis 14-15

       No fundo do vale do Jordão reuniram-se quatro reis. Queriam discutir planos de batalha. Existiam cinco cidades ricas que esperavam saquear. A ganância tornava-os destemidos.
       Não muito longe, os reis das cinco cidades encontraram-se também para traçar os seus próprios planos. Como iriam defender-se? Reuniram os seus exércitos e marcharam para a guerra.
       No dia da batalha, os exércitos alinharam-se um contra o outro. A luta foi feroz, mas foram os invasores que conquistaram vantagem. Os cinco reis tentaram fugir, mas haviam enormes poços de alcatrão naquela região e os reis de Sodoma e Gomorra pereceram no pântano.
       Os reis vitoriosos viram a sua oportunidade. Caíram sobre Sodoma e Gomorra, matando e pilhando à medida que avançavam. Lot foi capturado durante a batalha em Sodoma e foram-lhe roubados todos os seus pertences.
       Um homem que escapara do caos veio dar a notícia a Abraão: “O vosso sobrinho foi gravemente ofendido! Foi roubado e feito prisioneiro! Certamente ireis em seu auxílio!”
       Rapidamente, Abraão reuniu os seus próprios homens para lutar. Eles atacaram o inimigo de noite e derrotaram-no de forma retumbante.
       Os reis vieram para celebrar a vitória de Abraão: “Salvastes-nos! Recuperaste toda a riqueza que havíamos perdido” – gritaram eles. Riram, beberam e divertiram-se.
Porém, Abraão não se sentia eufórico com a vitória. A desilusão obscurecia a sua vida. “Continuo sem ter um filho” – suspirou.
       Então, ouviu o murmúrio da voz de Deus: “Vem cá fora. Olha para as estrelas no céu e tenta contá-las. A tua família irá crescer e crescer até existirem mais pessoas do que estrelas”.
       Abraão confiou em Deus e, por este facto, Deus aceitou-o.

Querido Deus,
ajudai-me a aprender a confiar em Vós

Mónica Aleixo, in Boletim Voz Jovem, Outubro 2010.