sexta-feira, 23 de julho de 2010

O espinheiro que quis ser rei

       Uma lenda do povo judeu diz que, uma vez, as árvores resolveram escolher um rei ou uma rainha.
       Primeiro elegeram a oliveira, mas ela recusou:
       – Acham que eu ia deixar de produzir azeitonas e o saboroso azeite só para reinar?
       Então as árvores resolveram escolher a figueira:
       – Nem pensar, retorquiu a figueira. – Eu não posso deixar de produzir os meus doces frutos só para ficar acima das outras árvores.
       Depois procuraram convencer a videira a aceitar o cargo.
       – Não quero deixar de produzir as minhas uvas saborosas só para ser mais poderosa do que as outras árvores. – Explicou a videira. Depois de várias reuniões, as árvores foram consultar o espinheiro.
       – Mas é claro que aceito disse o espinheiro entusiasmado –, ó árvores, venham todas descansar à sombra dos meus espinhos.
       Esta lenda não tem como objetivo comparar governantes a espinheiros sem valor, mas encerra uma lição valiosa: o verdadeiro líder não está interessado em posições, em poder, em mandar nos outros, como o espinheiro. Mas, pelo contrário, é alguém preocupado em servir os semelhantes, tal como as árvores que produzem frutos, sem buscar os seus próprios interesses.

Mónica Aleixo, in Boletim Voz jovem, julho 2010.

sábado, 17 de julho de 2010

Sorte... ou não!...

       Existia numa aldeia, um homem muito pobre, que tinha um cavalo muito bonito.
       O cavalo era tão bonito que os fidalgos do castelo queriam comprar-lho, mas ele nunca quis.
       "Para mim, este cavalo não é um animal, é um amigo. Como é que eu podia vender um amigo? Perguntou-se.
       Uma manhã, ele vai ao estábulo e o cavalo não estava.
       Todos os aldeões lhe disseram: "Nós avisámos-te! Devias tê-lo vendido. Agora roubaram-to... que má sorte!"
       O velho homem respondeu "Sorte ou má sorte, quem o pode dizer?"
       Todas as pessoas faziam pouco dele. Mas 15 dias depois, o cavalo apareceu, com uma horda de cavalos selvagens. Ele tinha fugido para conquistar uma bela égua e depois veio com o resto da horda.
       "Que sorte!" disseram os aldeões.
       O velho homem e seu filho começaram a domar os cavalos selvagens. Mas uma semana mais tarde, o filho parte a perna num treino.
       "Que má sorte!" dizem os amigos. "Como vais fazer, tu que já és tão pobre, se o teu filho, a tua única ajuda não pode te ajudar!"
       O velhote responde "Sorte, má sorte, quem o pode dizer?"
       Alguns tempos mais tarde, os soldados dos fidalgos do país chegaram à aldeia e levaram à força todos os jovens disponíveis.
       Todos... excepto o filho do velhote, que tinha a perna partida.
       "Que sorte tu tens, todos os nossos filhos foram para a guerra, e tu és o único a guardar o teu filho contigo. Os nossos se calhar vão morrer..."
       O velhote responde "Sorte, má sorte, quem o pode dizer?"

       O futuro é-nos dado por fragmentos. Não sabemos nunca o que vai acontecer. Mas um pensamento positivo permanente abre-nos as portas da sorte, da criatividade e faz-nos mais feliz.
Autor desconhecido

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Duas sementes... dois destinos...

       Duas sementes encontravam-se lá a lado.
       A primeira semente disse:
       - Quero crescer! Quero estender as minhas raízes em profundidade no terreno que está por baixo de mim. Quero sair da escuridão da terra e ver o sol. Quero fazer germinar os rebentos sobre a crosta da terra. Quero crescer cada vez mais e estender os meus ramos para anunciar o início da Primavera. Quero cobrir-me de folhas, dar flores e produzir frutos.
       E essa semente cresceu lentamente e produziu.
       A outra semente disse:
       - Que raça de destino o meu! Tenho medo. Se estendo as minhas raízes no terreno debaixo de mim, não sei o que irei encontrar no escuro. Se abro caminho na terra dura por cima de mim posso estragar os meus frágeis rebentos. Se abro os meus botões, uma lesma vem-nos comer se dou flores, uma criança poderá arrancar-mas. Se produzo frutos, é para os outros os comerem. Não, o melhor é que fique aqui em segurança.
       Aconchegou-se na terra fria e aí ficou quieta e preguiçosa. Uma galinha que a esgravatava na terra, encontrou esta semente e comeu-a.

Autor desconhecido